Tesouro político: Entenda o que acirra a disputa pela prefeitura de Camaçari

Flávio Matos e Luiz Caetano se enfrentam no próximo dia 27 Crédito: Reprodução/Mateus Pereira/GOVBA

Uma cidade com um orçamento bilionário, sede de um dos principais polos industriais do país, com uma base eleitoral de 205 mil eleitores e uma posição geográfica estratégica que lhe permite influenciar politicamente a região metropolitana, inclusive a capital do estado. Essas características fazem de Camaçari um campo de intensa disputa pelo poder entre o vereador Flávio Matos (União Brasil) e o ex-prefeito Luiz Caetano (PT). Localizado a cerca de 50 km de Salvador, o município vive um momento histórico ao ter pela primeira vez um segundo turno.

Ao atingir a casa dos 200 mil eleitores, Camaçari passou a ter possibilidade do pleito ser decidido em dois turnos, quando nenhum dos candidatos consegue mais da metade dos votos válidos para vencer em votação única. Isto é, 50% mais um voto. No caso camaçariense, Caetano obteve 49,52%, e Flávio Matos, 49,17%. A diferença entre eles foi de apenas 559 votos, o que escancarou uma competição acirrada pelo municipal.

Para o cientista político e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), Cláudio André de Souza, o número expressivo de eleitores torna o município um lugar estratégico para os grupos liderados pelo vice-presidente nacional do União Brasil, ACM Neto, e pelo governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT).

Na avaliação dele, Camaçari – que hoje é administrada pelo prefeito Antonio Elinaldo (União Brasil), que já tem dois mandatos – se posiciona como uma das grandes cidades da Bahia, com influência em municípios menores da Região Metropolitana de Salvador, como Dias d’Ávila, Simões Filho, Mata de São João e Lauro de Freitas.

“Essas grandes cidades têm uma magnitude maior de voto, têm mais eleitores e isso é estratégico. Um segundo ponto é que essas cidades acabam sendo um polo, e tendo visibilidade e circulação de pessoas de outros municípios em torno dela. Qualquer grupo político que venha a ganhar a próxima eleição, dia 27, vai estar diante de um grande desafio que vai ser a visibilidade perante o eleitorado baiano”, explica.

O especialista ainda ressalta que o prefeito camaçariense pode ser decisivo para alavancar a candidaturas de nomes para os pleitos seguintes de governador, deputado federal e estadual.

Não só é a influência política que faz da região um fator atrativo para as lideranças partidárias, mas também a força econômica. Com o faturamento da ordem de 15 bilhões de dólares anuais, só o Polo Petroquímico de Camaçari colabora com cerca de R$3 bilhões por ano com o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) da Bahia

O consultor e professor de Economia e Finanças, Antonio Carvalho, salienta que por ter um Produto Interno Bruto (PIB) volumoso – de R$ 33 bilhões, o segundo maior do estado -, Camaçari é vista como uma força econômica estratégica para o grupo político que a governa.

“Governar um município como Camaçari é uma posição, no mínimo, confortável para um partido ou grupo político. O município possui baixa dependência dos governos federal e estadual, por seu poder de arrecadação. E, por seu elevado potencial econômico, possui atratividade para as mais rentáveis e disputadas atividades econômicas”, argumenta.

De acordo com o economista Edval Landulfo, 20% das riquezas produzidas pelas indústrias baianas são de responsabilidade de Camaçari. “É quase 30% de tudo que a Bahia exporta e aproximadamente 10% da arrecadação estadual. É um município de destaque não só na Bahia, mas como uma das melhores cidades brasileiras para se fazer negócio na indústria”, acrescenta.