
Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde, apontam um quadro alarmante: entre 2023 e 2024, o Brasil registrou 11.801 mortes de pessoas idosas por acidentes domésticos, sendo as quedas a principal causa. Diante destes números, a Sociedade Brasileira de Trauma Ortopédico (SBTO) alerta para o risco de complicações após a queda, que vão de fraturas complexas a internações, perda da autonomia e até a óbito.
De acordo com o ortopedista Gustavo Tadeu Sanchez, diretor da entidade, os registros de acidentes com idosos dentro de casa revelam um cenário de “verdadeira epidemia”. Conforme o especialista, o número de idosos vem crescendo no mundo, não só no Brasil, e esse público está mais suscetível a quedas, que podem decorrer em fraturas, que podem agravar a condição de saúde bilizados 328.355 registros de pessoas com 65 anos ou mais internadas por causas relacionadas a quedas em todo o país.
Como explica Robinson Esteves, presidente da SBTO, “as quedas em idosos representam um dos maiores desafios para a saúde pública atualmente, devido às suas graves consequências para a qualidade de vida dessa população”.
A fratura no quadril é uma condição extremamente séria em idosos, pois além da lesão óssea, pode levar a complicações graves como infecções, trombose e pneumonia, elevando significativamente o risco de mortalidade, que pode chegar a 20% a 30% no primeiro ano após o acidente.
Diante do risco, Sanchez orienta que os familiares tenham cuidado com a segurança do ambiente, deixando a casa preparada, com barras de segurança, evitando tapetes espalhados, além de tomar cuidado com pequenos degraus e dispor de pontos de iluminação próximo à cama. “Além dos pontos de apoio, para o idoso que tiver dificuldade de locomoção a orientação do uso de bengalas, muletas e andador”, complementa.
A SBTO recomenda que, ao presenciar uma queda, o primeiro passo é manter a calma e verificar se o idoso está consciente. Se estiver, perguntar se sente dor em alguma parte do corpo e observar se há dificuldade de locomoção ou dor intensa em regiões específicas, sinais que podem indicar fratura.
Nesse caso, a entidade orienta que a família não o movimente, mantenha-o deitado em uma posição confortável e acione o socorro médico. “A nossa grande preocupação está nas fraturas do fêmur, do quadril, porque são fraturas que levam a imobilidade maior e, normalmente, a gente precisa indicar um tratamento cirúrgico. A literatura mostra que esses pacientes têm um risco maior de morrer, principalmente, no primeiro ano”, alerta o ortopedista Gustavo Tadeu Sanchez.
Ainda segundo a SBTO, se a queda parecer leve, ajude o idoso a se sentar e fique ao lado dele até que se recupere do susto. No dia seguinte, observe se surgiram hematomas ou dores persistentes e, caso os sintomas permaneçam ou piorem, leve-o imediatamente ao hospital. “Mesmo quando a queda parece simples, os riscos de complicações são altos, principalmente entre os mais velhos. Por isso, todo cuidado é pouco, tanto na prevenção quanto no atendimento imediato”, complementa Esteves.
Repórter: LIVIA VEIGA