QUADRILHEIROS INVADEM A FESTA DO FOLCLORE

As escolas de São Sebastião do Passé estão de parabéns pelas belíssimas apresentações que assisti ontem, dia 25 de agosto, na Festa do Folclore. Surpreendente a agilidade e presteza com que, em tão pouco tempo, as escolas organizaram figurino, seleção de roteiro, diagramação de imagens, gravação de áudios e ensaios, para em menos de um mês, marcarem suas presenças no palco montado na Praça General Raimundo Barbosa, no centro da cidade.

Professores, alunos e comunidade escolar, atuaram em prol de representar da melhor maneira possível as suas escolas, mesmo diante de tão pouca logística oferecida pela Secretaria de Educação, afinal nem só de chita se faz um folclore. Ousaria dizer que as escolas fizeram milagre: Lindo e emocionante assistir a inocência das crianças da Educação Infantil para se adequarem a um evento feito para adultos; surpreendente ver os alunos e alunas do Ensino Fundamental I, mostrarem habilidades e competências, já sinalizando uma nova geração de artistas passéenses; aqueceu meu coração ver a Escola Graciliano Ramos mostrar que entende de fato que “ser magra” não pode ser a única estética imposta e aceita; Me emocionei com a lista de lavadeiras e rezadeiras, proferidas pelo Colégio João Paim (que resiste em manter sua identidade), numa homenagem à mulheres que representam nossa ancestralidade; revivi memórias afetivas com o Reisado do Colégio Polivalente, fundador de fato da Festa do Folclore.

Lamento não ter tido a oportunidade de ver todas as apresentações, pois o evento é longo demais. Mesmo assim, foi um dia cheio de emoções para todos os envolvidos, inclusive para o público composto de alunos e familiares que aplaudiam os filhos e filhas que saiam do anonimato, brilhando como estrelas.

No entanto, não se pode negar que boa parte das apresentações da Festa do Folclore é sustentada pelo talento e criatividade dos grandes dançarinos e coreógrafos, Denison Monteiro e o casal Paula e William Azevedo, que já durante duas décadas, fazem da Festa do Folclore uma tradição municipal. Um fato importante de ressaltar e que se diferencia dos eventos dos anos anteriores foi a forma como as quadrilhas juninas tiveram suas coreografias desdobradas durante o folclore, trazendo novos dançarinos que ainda são alunos da rede de ensino e que passearam por várias apresentações de várias escolas, independente daquelas que estudam atualmente.

Um exemplo disso foi a apresentação de dança da Escola Municipal Professora Lindaura Monteiro Câmara que tinha na linha de frente das suas coreografias, dançarinos e quadrilheiros, a exemplo dos trigêmeos “João” da rua do Beco da Carne-seca. Esse trio dança demais!

Outra dançarina que também chamou a atenção na Festa do Folclore, agora como coreógrafa, contribuindo com sua habilidade e talento foi Thiane, filha de sêo Raimundo da Avé Maria que deu um Show, se desdobrando para diversificar e atender às demandas das escolas que a contrataram.

A dança, devido à persistência e resistência das quadrilhas juninas e por causa da tradição da Festa do Folclore, tem se tornado a segunda principal linguagem identitária cultural da cidade, pois a musica ainda lidera enquanto perfil identitário artístico e cultural de Bastião.

Fiquei muito feliz com a “ocupação” desses e outras dançarinas na Festa do Folclore, pois isso mostra como é necessário que os artistas saiam dos seus “guetos” para ocupar espaços institucionais de arte. Afinal, como afirma Milton Nascimento na música Nos bailes da vida, “Todo artista tem que ir aonde o povo está” . Parabéns para as escolas, parabéns para os artistas e viva o folclore brasileiro!

Por Cátia Garcez