
Uma mensagem postada em um grupo interno do PT chamado “Políticos do Sul”, no WhatsApp, acabou sendo apelidada de “post da discórdia” dado o seu poder de destruição de egos.
O número, salvo no grupo como sendo de “Filho de Everaldo do PT”, fazia uma defesa ao nome do ministro da Casa Civil e ex-governador, Rui Costa, como candidato a uma das duas cadeiras ao Senado Federal na eleição de 2026.
Segundo uma fonte, que contou com exclusividade os bastidores da briga ao site Política Livre, parceiro do Jornal do Povo, a mensagem era mais ou menos assim: “Como o senador Wagner, sou a favor da renovação no PT. Meu candidato a senador é Rui Costa. A outra vaga deve ser cedida a um partido aliado”. A reportagem não teve acesso à mensagem original, postada na semana passada, porque era de visualização temporária e, portanto, já havia sido apagada.
A defesa pública do ministro Rui Costa na Casa Alta do Congresso Nacional mexeu com o brio de Jaques Wagner e de seus pupilos, que encamparam uma “verdadeira guerra interna” em defesa do senador injustiçado pelo militante. “Foi bola fora, é verdade. Mas é uma opinião de uma pessoa filiada, que tem legitimidade para opinar, e isso foi encarado como uma ofensa à Wagner”, contou a fonte.
Ainda de acordo com o interlocutor, as mesmas pessoas da “cozinha de Wagner”, criaram “um ambiente no PT de que o debate no partido está sombreado entre os interesses de Rui e Wagner” como forma de encobrir o que, de fato, deveria ser a pauta do momento: as eleições internas do partido.
“Virou um estopim para uma guerra interna. Wagner está irritadíssimo com isso, como se fosse um movimento orquestrado, como se fosse um movimento combinado. A turma do entorno tenta encobrir os problemas da gestão de Éden Valadares trazendo essas polêmicas vazias. O debate deveria ser o balanço da atual gestão”, frisou.
Perguntado se o ministro Rui Costa poderia estar por trás da briga, o petista afirmou que ele “não tem nada a ver”. “Ele está na China, nem deve ter ficado sabendo disso”, disse.
Filho de Everaldo
A reportagem não conseguiu falar com o “Filho de Everaldo do PT”, mas confirmou a história com o próprio Everaldo Anunciação, seu pai. A este Política Livre, o vice-presidente nacional do PT e ex-presidente do partido na Bahia contou ter recebido o print da mensagem e que “não viu nada demais”.
Segundo Everaldo Anunciação, seu filho não é dirigente partidário, chama-se Vítor e é empresário em Ilhéus, no sul do Estado. “Há muito tempo ele defende que o PT tem que se reinventar, tanto nas lideranças como na comunicação do partido”, afirmou. Ele seguiu dizendo que a mensagem de Vítor foi na mesma linha do que o próprio Jaques Wagner disse em entrevista ao Valor Econômico, no mês de abril, de que a chapa de 2026 para o Senado ainda não está definida e que poderá haver uma escolha entre ele e o também senador Angelo Coronel (PSD) que permita acomodar o ministro Rui Costa em uma das duas vagas.
“Na minha opinião, a política de forma civilizada é um ato livre para qualquer indivíduo filiado ou não ao partido. O que está na ordem do dia é a eleição interna no partido, essa opinião de Vítor sobre a chapa de 2026 é irrelevante nesse momento. A experiência recente de renovação do PT não trouxe tantos ganhos para o partido, senão não existiriam tantos insatisfeitos. Eu acho que é isso que a gente precisa debater”, alfinetou.