Anunciado nesta segunda-feira (19), em Salvador, como futuro secretário da Casa Civil no governo de Jerônimo Rodrigues (PT), o deputado federal Afonso Florence (PT) já está em Brasília para participar da votação da PEC da Transição, marcada para esta terça-feira (20), no plenário da Câmara. O petista afirmou a este Política Livre que aprova o nome do relator da proposta e líder do União Brasil na Casa, o baiano Elmar Nacimento, caso este venha a ser escolhido ministro pelo presidente diplomado Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“É da democracia essas negociações com as bancadas dos partidos, que têm sido tratado de forma inteiramente transparente, inclusive com o União Brasil. O governo Lula precisa ampliar a base parlamentar e Elmar, se for escolhido ministro, é um deputado destacado, com nível, civilizado e que sempre foi respeitoso comigo. Claro que ele lá do lado de (Jair) Bolsonaro (PL) e eu na oposição. Ganhamos a eleição e precisamos de apoio”, disse Florence.
“Se ele (Elmar) quiser nos apoiar e contribuir para que tenhamos os votos necessários para aprovar matérias importantes como a PEC da Transição e se o partido dele indicar ministros, Lula e a presidente (nacional) do PT, Gleisi Hoffmann, estão tratando bem do assunto. Além disso, esta semana ainda Lula deve anunciar o ministro que irá cuidar da articulação política para participar desse processo”, acrescentou o petista baiano.
Afonso Florence declarou desconhecer qualquer tipo de chantagem do presidente da Câmara, Arthur Maia (PP-AL), e dos aliados dele, incluindo Elmar Nascimento, em torno da troca de apoios para a aprovação da PEC por cargos no futuro governo. “O que existe é um governo com uma agenda nacional aprovada pelo eleitorado, inclusive do nosso adversário na disputa eleitoral (a garantia do pagamento dos R$600 do Auxílio Brasil ou Bolsa Família para 2023), e que busca fazer a base parlamentar necessária para aprovar tanto essas medidas emergenciais quanto o orçamento de 2023, como também assegurar a sustentação (política) do governo”.
Questionado sobre as críticas, algumas delas recentes, feitas por Elmar Nascimento ao PT e ao próprio Lula, bem como a rejeição de parte dos petistas da Bahia ao nome do deputado baiano, Florence disse que todos têm o direito a dar sua opinião. “Elmar já manifestou críticas ao PT e a Lula. Se ele vem para a base de sustentação, quem alterou a posição política foi ele, e não nós. Ele é que tem de explicar, e não nós, que buscamos ampliar a nossa base parlamentar no Congresso”.
Com o apoio de Arthur Lira, Elmar, que é adversário do PT da Bahia e aliado do ex-prefeito de Salvador ACM Neto, já foi cotado para o ministério das Minas e Energia e, mais recentemente, das Cidades ou da Integração Nacional, porém ainda não há martelo batido.
O deputado, que já se encontrou com Lula por mais de uma vez para tratar da PEC da Transição e da Esplanada, seria o ministro indicado por um grupo de 150 parlamentares liderados pelo presidente da Câmara, de diversas siglas. Mas os aliados mais próximos de Lula, a exemplo do senador Jaques Wagner (PT), defendem que um outro nome sem um histórico de agressividade com os petistas seja indicado pela turma de Lira e do União Brasil, posição que seria semelhante ao que pensa o governador Rui Costa (PT), futuro ministro da Casa Civil.