Os estudantes indígenas das escolas da rede estadual de ensino de diferentes etnias e localidades têm, cada vez mais, conquistado o acesso ao Ensino Superior em universidades públicas, através de processos seletivos como o Sistema de Seleção Unificada (SISU). Por meio do sistema do Ministério da Educação (MEC), as instituições oferecem vagas para os candidatos, que são classificados de acordo com a pontuação obtida no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM).
No município de Pau Brasil, a Aldeia Água Vermelha está em festa com a aprovação da estudante Brunna Tityáh, 17, em Ciências Sociais, na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Segundo a jovem da etnia Pataxó Hãhãhãe, que concluiu os estudos no Colégio Estadual Gerson de Souza Melo Pataxó, entrar na UESC é a realização de um sonho. “Sempre tive admOs iração pela UESC e, desde quando entrei no Ensino Médio, já pensava alto e, agora, fui aprovada, mostrando que todos os meus esforços não foram em vão. Através do meu curso, vou ter mais ideias para trazer projetos para a nossa aldeia”, disse.
Também em Pau Brasil, o Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru Paraguaçu teve dez estudantes indígenas aprovados. Entre eles está Warley de Souza, 17, da etnia Kariri Sapuy-á, aprovado em Bacharelado Interdisciplinar em Ciências, na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). “Criei interesse na área por influência do meu pai, que é professor há mais de dez anos, e da minha mãe, por ter concluído o Ensino Superior. Busco representar o meu povo na universidade e trazer experiências adquiridas para a minha comunidade”, revelou.
A Pataxó Hãhãhãe Tami Anahy Muniz, 20, da mesma escola, conquistou a vaga no curso de Engenharia Ambiental da Sustentabilidade, na UFSB. “Fiz o curso técnico de nível médio em Agroecologia e, desde que iniciei, tinha planos de dar continuidade aos estudos nesta área ambiental. Para a comunidade é muito importante ter indígenas na universidade aprendendo e trazendo novos conhecimentos”, afirmou.
Quem também foi aprovado no mesmo curso foi o estudante Pataxó Hãhãhãe, Victor Silva, 24, que concluiu os estudos em 2015, na mesma escola de Tami. “É a realização de um sonho, pois sempre busquei novos conhecimentos e ingressar na universidade. Espero que, ao finalizar o meu curso e com o conhecimento adquirido, eu possa ajudar a minha comunidade da melhor forma possível”, comemorou.
Os demais estudantes aprovados no Colégio Estadual da Aldeia Indígena Caramuru, ambos na UFSB, foram: Amael de Souza, em Engenharia de Transporte e Logística; Uyara da Cruz, em Produção Cultural; Kairo Krhystyan Barbosa, em Bacharelado Interdisciplinar em Ciências; Thalia da Cruz, em Produção Cultural; Eva Lima, Interdisciplinar em Ciências da Natureza e Suas Tecnologias; Sandra dos Santos, Interdisciplinar em Ciências da Natureza e Suas Tecnologias; e Clarisse Rezende, em Bacharelado Interdisciplinar em Ciências.