ELEIÇÃO PARA DIRETOR ACONTECE A TOQUE DE CAIXA

Cátia Garcez

A Prefeitura de São Sebastião do Passé, através da SEDUC, publicou no dia 6 de agosto, decreto apresentando os critérios para o processo eleitoral que irá definir os próximos gestores das escolas municipais. A Grosso modo, a iniciativa pareceria um grande avanço democrático, depois de uma levada de diretores escolares indicados pelos prefeitos dos últimos 15 anos.

No entanto, a forma como o processo acontecerá, como diz o título deste texto: “A toque de caixa”, nos parece, no mínimo, tendencioso e de passivo de manipulação pelo poder público, salvo se a comissão nomeada para gerir o pleito, conseguir manter, de fato, a lisura do processo.

 A eleição para escolher o (a) diretor (a) da escola é algo que diz respeito à toda comunidade sebastianense. Por isso, exige uma mobilização e uma divulgação plena, de forma, a fazer com que cada munícipe saiba do processo eleitoral e que cada pessoa que pode e deseja disputar o cargo, tenha esse direito garantido.

 É fato, que a Rede de Educação, ou a maior parte dela, anseia pela eleição de diretores, com o principal objetivo de aumentar a autonomia das escolas, frente às manipulações que atendem os interesses da política partidária de cada gestor municipal, entre eles, a perseguição de professores que não votaram no candidato eleito, algo muito comum nas cidades do interior.

 A Seduc estipula então, 16 dias de prazo para que os interessados em concorrer ao cargo de diretor escolar formem suas chapas e, ao inscrevê-las, apresentem um plano de gestão para os mais de três anos de governo (2021-2014). Este prazo, termina dia 23 de julho de 2021, com a eleição prevista para 18 de agosto do mesmo ano. A pergunta que não quer calar na boca de uma categoria sem representatividade sindical é: Qual seria a urgência da Seduc para tamanha pressa em eleger os diretores, com prazos tão curtos, visto que o formato por si só, já impede a participação da comunidade de forma democrática como o evento exige?

Paralelo a isso, a SEDUC informa, em reunião presencial com professores da rede que a lotação dos professores está sendo reformulada e atualizada para organizar a rede. Para quem não entende, posso explicar: O professor concursado, quando assume seu cargo é automaticamente lotado em uma unidade escolar de origem. Em um município que ao longo dos últimos quinze anos vêm fechando suas escolas, isso representa um grande problema para os professores. A comunidade da Escola Lindaura Câmara, ainda lembra da luta travada para que aquela unidade escolar não fosse fechada na gestão do ex-prefeito Dr. Breno e da ex-secretária Márcia Regina.

É fácil supor que com a pandemia, crescerá o número de evasão escolar, com forte tendência ao aumento do analfabetismo no Brasil e isso repercute na vida de todos, inclusive na vida do professor de São Sebastião do Passé, que assiste a diminuição de matriculas e fechamento de turmas principalmente nas escolas de Ensino Fundamental II. Outra pergunta que não quer calar na boca dos educadores é: – O que aconteceu com as centenas de aluno do 5º ano do Ensino Fundamental I que não estão efetuando as matriculas no Fundamental II ao longo dos últimos anos. Mas isso é tema para outro texto!

Voltando à eleição para diretores escolares, lamento que as colegas educadoras, que fazem parte da gestão na condição de cadeira cativa, ao longo dos anos, muitas delas aposentadas e com o “burro na sombra”, não compreendam o potencial desse pleito para garantir um novo rumo na Educação de São Sebastião do Passé, preferindo continuar citando Paulo Freire e mantendo o discurso contraditório em relação às ações de gerenciamentos da Educação. Lamento profundamente por vivermos tempos tão difíceis reforçados pela ignorância e alienação política.