Ex-presidente nacional do PP, o deputado federal baiano Cláudio Cajado defendeu a formação da federação entre a legenda e o União Brasil. Em conversa com este Política Livre, nesta quinta-feira (9), o parlamentar afirmou que os benefícios de um entendimento desse porte, que resultaria numa bancada de 108 parlamentares na Câmara, compensam eventuais problemas pontuais, inclusive na Bahia.
“Eu acho a proposta da federação positiva. Essa é a posição da maioria esmagadora do PP. Existem problemas pontuais, mas eu parto da seguinte premissa: fui presidente (da sigla), coordenei as eleições nacionalmente e na Bahia e bem sei que, com o fim das coligações, está cada vez mais difícil montar partido, fazer rabada, como se diz no meio político. Você gasta muita energia para eleger dois ou três deputados. É muito trabalhoso. A federação e a fusão são realidades impostas para as eleições proporcionais, principalmente dos deputados”, declarou Cajado.
O pepista reconheceu, no entanto, que ainda existem dificuldades, sobretudo no União Brasil, para a concretização de um acordo, o que pode acontecer na próxima semana. Como já noticiou este Política Livre, o presidente nacional do partido liderado na Bahia por ACM Neto, o deputado federal Luciano Bivar (PE), é contra a federação temendo perder poderes.
Questionado se a federação seria governo ou oposição na Câmara, Cláudio Cajado disse que isso vai depender do Palácio do Planalto. “Se tivermos robustez, vamos despertar o interesse do governo em ter o nosso apoio nas votações. Agora, ainda é cedo para dizer se a federação em si será situação ou não”.
Cajado admitiu que o entendimento pode fazer do líder do União Brasil na Câmara, o deputado baiano Elmar Nascimento, um forte candidato à sucessão do atual presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). “Eu acho um excelente nome. É um bom candidato e pode sair mais fortalecido desse processo. Mas ainda é cedo para cravar”, frisou.
Sobre os impactos na Bahia, Cláudio Cajado disse que a tendência é que o comando do grupo fique nas mãos do União Brasil e de ACM Neto, como disse mais cedo o deputado federal José Rocha a este Política Livre.
“Iremos criar regras claras sobre essa questão nos estados, critérios objetivos. Por exemplo: nos estados, a tendência é que os comandos regionais fiquem com o grupo que tem mais representatividade, que tem governador, mais deputados federais. Na Bahia, ACM Neto foi candidato a governador, o União tem a prefeitura de Salvador e maior representatividade na Câmara, então esse é o caminho natural, mas precisa do regramento”, disse.
“Nos municípios, onde houver um prefeito do nosso partido, por exemplo, acho que a regra deve ser que o partido tenha prioridade para lançar o candidato, mesmo que haja divergências locais com o União Brasil. E onde houver impasse, a direção nacional da federação tem que decidir. O regramento tem que ser claro”, reforçou o pepista, que é muito próximo do presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), um dos maiores defensores da aliança.
Cláudio Cajado ressaltou que a posição dos deputados estaduais do PP de integrar a base do governo Jerônimo Rodrigues (PT) será respeitada. “Não iremos prejudicar ninguém, não é nossa tradição, respeitamos os deputados. Tudo isso será discutido de forma clara. Mas o fato é que a federação é um caminho irreversível para nós mantermos fortes, sobretudo na eleição dos deputados, sejam estaduais ou federais”, concluiu o parlamentar.