A presença ontem do governador Jerônimo Rodrigues (PT) num evento em Camaçari com a presença do candidato de seu partido à Prefeitura, Luiz Caetano, confirma que a cidade da Região Metropolitana tem status de prioridade entre os municípios nos quais o grupo governista quer ver seus correligionários eleitos em outubro. Na cidade industrial para a qual o governo tem o mérito de ter trazido a fábrica da BYD, depois da lamentável partida da Ford, Jerônimo se esmerou em elogios à coragem e determinação do petista, chegando a comparar um episódio em que Caetano foi preso à prisão do presidente Lula.
Mas não se limitou a exaltar o currículo e as qualidades do candidato. Além de ter anunciado um pacote de obras para a cidade, que inclui intervenções para melhorias nas vias de acesso ao Pólo e a toda a região, vinculando a iniciativa ao prestígio do ex-prefeito no governo, conversou com empresários e representantes do setor produtivo de Camaçari e, no que pode, ajudou no marketing do correligionário. “Estou falando do companheiro que ensina pra gente a atitude de ter coragem. Na política não cabem covardes, medrosos”, destacou Jerônimo, dirigindo-se ao ex-secretário estadual de Relações Institucionais.
Ao anúncio de investimentos em Camaçari, deverão se seguir outros, de intervenção em cidades como Feira de Santana, onde pesquisas animam o governo a apostar, pela quarta vez, na candidatura do deputado federal Zé Neto (PT) à sucessão do prefeito Colbert Martins (MDB), e Vitória da Conquista, na qual os números relativos ao desempenho do representante petista na disputa municipal, o também deputado federal Waldenor Pereira, não têm, no entanto, conseguido até agora empolgar o grupo governista, embora a baixa performanece não seja suficiente para que decidam largar a mão do companheiro.
Associada a mais uma dezena de municípios, Feira, Camaçari e Conquista formam, de fato, o trio das cidades nas quais o governo baiano deve se empenhar para garantir a eleição dos aliados. Hoje em mãos de adversários, alguns na cadeira tentando a reeleição, como é o caso de Conquista, todas elas se situam em regiões consideradas estratégias para o plano de Jerônimo Rodrigues de se reeleger, em 2026, o que justifica o máximo de empenho das forças governistas no sentido de apoiar as candidaturas aliadas, potencializando suas chances de vitória. Das três, Camaçari é talvez aquela em que o governo joga mais esperanças.
Luiz Caetano já governou a cidade três vezes, reelegeu-se na segunda oportunidade e, em seguida, fez o sucessor, o que, em tese, pode significar que tenha um capital político e eleitoral guardado capaz de fazer a diferença na campanha, ainda que a máquina municipal vá trabalhar pelo adversário. Além disso, dedicou-se à causa da eleição desde que chegou ao governo, o que significa que está em campanha desde sempre. Feira é um novo desafio para Zé Neto porque ele vai enfrentar o ex-prefeito Zé Ronaldo (União Brasil) e também o governo municipal. E Salvador? Definitivamente, por motivos óbvios, não está entre as prioridades.
*Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.