Apesar de atraso em definição de secretariado, Jerônimo encanta aliados com gentileza, entusiasmo e estilo democrático em primeiras conversas; veja nomes

Foto: Flávio Sande/Política Livre/Arquivo

Apesar de, na avaliação dos partidos, estar atrasado em relação às conversas sobre a montagem do secretariado, o governador eleito Jerônimo Rodrigues (PT) vem encantando os grupos com que passou a se reunir, desde o final de semana, para discutir a escolha da equipe.

A gentileza com que recebe e se despede dos aliados, o entusiasmo que demonstra em relação às propostas que recebe e, principalmente, o estilo democrático com que conduz as conversas tem deixado a base animada com a perspectiva de um novo padrão no relacionamento com o governo a partir de agora.

Alguns já chegaram a definir Jerônimo como uma espécie de “Wagner negro”, numa alusão ao modelo de comportamento muito semelhante ao do senador Jaques Wagner, cuja substituição no comando do Estado por Rui Costa (PT), há oito anos, pelo visto, continua deixando muitas saudades.

“Finalmente estaremos de novo diante de um gentleman no Palácio de Ondina”, contou a este Política Livre, sem esconder a admiração com o novo governador, um parlamentar que não o conhecia mais de perto e tratou, nos últimos dias, das indicações de seu partido para o novo secretariado.

Para a maioria, o mais curioso é o fato de Jerônimo vir demonstrando tanta tranquilidade para tocar as negociações, apesar da pressão que passou a sofrer dos dois caciques petistas. Wagner e Rui teriam passado a discordar de indicações para algumas pastas, o que é visto como responsável pela demora nas negociações.

Tanto o clima de discórdia entre o governador e o senador como a dívida de gratidão que Jerônimo passou a possuir com os dois depois de ter sido escolhido candidato no PT e eleito governador levou a base a achar, num primeiro momento, que ele teria sua autonomia minada, uma imagem que passou a se desfazer este fim de semana.

Partidos aliados estranharam, por exemplo, o fato de Jerônimo ter começado apenas agora as conversações para a montagem do secretariado, o que, de forma aligeirada, muitos viram como uma pista de que o novo governador estaria enfrentando dificuldades para fazer as indicações.

Outro que teria sido um péssimo sinal para a base foi seu aparente recuo em bancar a professora Alessandra Assis, da UFBa, na secretaria de Educação. Com o crescimento das apostas no nome do deputado federal Afonso Florence para a pasta, Jerônimo estaria abrindo mão até do que seria sua cota pessoal para montar o time.

A indicação de Florence ao cargo seria uma espécie de exigência do PT para não deixar o colega Josias Gomes, que perdeu a reeleição, sem um mandato nesta legislatura. Outra pasta em que uma disputa fragiliza as opções que o governador teria para fazer a escolha é a da Saúde.

Rui  passou a cobrar a manutenção da atual gestora, Adélia Pinheiro, quando há convencimento no PT e entre aliados de que ela é inadequada para a pasta, foco constante de queixas, por ser excessivamente acadêmica e não ter conseguido, até agora, demonstrar que efetivamente a controla.

A situação no setor tende a complicar com a provável ida da atual chefe de Gabinete da Saúde, Roberta Santana, para a secretaria de Administração, o que seria uma outra exigência de Rui. Wagner tem também conseguido emplacar aliados próximos, como Adolfo Loyola, cotado para a Chefia de Gabinete.

O maior impasse entre o governador e o  senador teria ficado evidente, no entanto, na escolha do secretário de Comunicação, posição para o qual Wagner passou a defender abertamente o nome do seu assessor, Bruno Monteiro, diante da expectativa de que o atual, André Curvello, acompanhe Rui na chefia da Casa Civil de Lula.

Veja relação de nomes prováveis que Jerônimo deve anunciar hoje às 15hs:

Administração- Roberta Santana
Chefia de Gabinete – Adolfo Loyola
Desenvolvimento Rural – Deputado estadual Osni Cardoso
Fazenda – Manoel Vitorio permanece
Relações Institucionais – Luiz Caetano permanece
Secretaria de Trabalho, Emprego e Renda ou Cultura – Olivia Santana
Desenvolvimento Social – Carlos Martins
Casa Civil – Carlos Mello ou Eva chiavon
Infraestrutura – Saulo Pontes ou Otto filho
Desenvolvimento Urbano ou Desenvolvimento Econômico – Sergio Brito (o que daria posse ao suplente Charles Fernandes, do PSD) ou Geraldo Jr., vice-governador
Educação – Deputado federal Afonso Florence
Administração Penitenciária – MDB
Saúde – Adélia Pinheiro
PGE – Bárbara Camardelli
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Marcus Cavalcanti, hoje na Infraestrutura, vai com Rui Costa para Casa Civil de Lula

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