Odorico Paraguaçu, personagem de Dias Gomes, interpretado pelo saudoso Paulo Grancindo, na novela “O Bem Amado” da Rede Globo, usava a frase: ‘A ignorância é que atravanca o progresso’, que ridicularizava a sua própria ignorância no modo de gerir, enquanto gestor público. Aproveito esse gancho para refletir sobre o discurso de algumas pessoas da gestão atual em São Sebastião do Passé que demostram total ignorância em alguns aspectos, notadamente aos relacionados com a cultura.
A questão aqui, é que na sala cênica do PELC, cabe pouco mais de 60 pessoas e nós somos bem mais de 48 mil habitantes. Então, seria bom explicar como pretendem oferecer cultura para um município com um espaço tão limitado para público e fechando espaços que provaram ser de extrema produtividade e aceitação para a população.
Outro ponto, é que ventilam a possibilidade de implantar um palco na sala cênica do PELC. Aqui é a comprovação cabal da ignorância, pois aquela sala foi projetada para espetáculos de dança, teatro e circo, performances contemporâneas onde o publico é distribuído conforme a concepção cênica do espetáculo e, por isso, não deve ter um palco fixo, mas apenas módulos praticáveis e moveis que facilite a visualização por parte do público da apresentação nos diferentes níveis.
O equívoco, também pode ser comprovado na forma como organizarão as apresentações do “Festival Daniel Tcheco”, limitando o espaço dos dançarinos e colocando o público enfileirados… Foi frustrante ver a bailarina Paula Azevedo e suas ‘pupilas’, limitarem seus movimentos por conta da ignorância dos organizadores no uso daquele espaço. O que se entende de teatro é tão pouco que logo se pensa em transformar qualquer espaço num teatro nos moldes elisabetano que não atende mais à maioria dos espetáculos contemporâneos, pois as salas cênicas são projetadas para atender esse novo formato de expressar-se em caixa. A pior gestão sempre foi e sempre será aquela que não ouve àqueles a quem deve servir.
Por Cátia Garcez
Professora de Teatro e Mestra em Crítica Cultural