Manifestantes fizeram, nesta quinta-feira (2), um protesto dentro da Câmara Municipal de Caxias do Sul contra o vereador Sandro Fantinel, que virou alvo do Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) por causa de suas falas xenófobas contra trabalhadores baianos encontrados em situação de trabalho análogo à escravidão em Bento Gonçalves.
A manifestação ocorreu na sessão da Câmara que aprovou a admissibilidade do pedido de impeachment do vereador. Com isso, o processo começará a tramitar na casa. Vídeos publicados nas redes sociais mostram integrantes de movimentos sociais pedindo a cassação de Fantinel.
O MP-RS vai abrir investigação civil e criminal contra Sandro Fantinel, que foi expulso do Patriotas, partido que integrava. Em seu discurso no plenário da Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, na última terça-feira (28), o edil disse para empresas e produtores rurais do Sul do país contratarem funcionários “limpos” para a colheita da uva, e não deveriam buscar “aquela gente lá de cima”, se referindo aos nordestinos.
Os 192 trabalhadores resgatados tinham entre 18 e 57 anos e trabalhavam para a empresa Oliveira & Santana, que presta serviços terceirizados para vinícolas de Bento Gonçalves, como Aurora, Santon e Garibaldi. As três dizem que não tinham conhecimento da situação relatada pelos trabalhadores e que repudiam violações de direitos humanos.
Diante de um plenário lotado, por unanimidade, a @camaracaxias decide pela admissibilidade do processo que pede impeachment do vereador Sandro Fantinel/Sem Partido por conta de pronunciamento do parlamentar sugerindo não contratação de baianos para a vindima. pic.twitter.com/x7qtFxJDZ9
— Câmara Municipal de Caxias do Sul (@camaracaxias) March 2, 2023
Autoridades da política baiana reagiram à fala do vereador gaúcho. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) acusou, nesta quinta-feira (1º), Sandro Fantinel de defender trabalho escravo e a xenofobia contra os baianos. O gestor ainda classificou o comportamento do edil como “desumano, vergonhoso e inadmissível”.
O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União) também se posicionou sobre o assunto. No Twitter, ele disse que o posicionamento preconceituoso do edil “retratam a xenofobia e o racismo em sua pura essência”. Bruno também defendeu que o caso seja devidamente apurado. “Que as medidas cabíveis sejam tomadas para ninguém tratar apologia ao trabalho escravo como algo normal. Precisamos dar um basta nisso!”, salientou.