O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ofereceu o Ministério da Integração Nacional aos parlamentares da União Brasil.
De acordo com as negociações, o cargo ficaria com o deputado Elmar Nascimento (BA), que foi relator da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que abriu espaço no Orçamento de 2023 para o novo governo.
Se confirmada, a nomeação manteria sob o controle de Elmar um dos postos mais cobiçados pelo centrão, a Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). O órgão, que já é presidido por um indicado do deputado, ficaria vinculado ao Ministério da Integração.
A oferta foi feita em reunião na tarde de quinta-feira (22) em Brasília. Lula recebeu Elmar, que é líder da União Brasil na Câmara, e o senador Davi Alcolumbre (União-AP).
O PT tem resistências ao nome de Elmar, mas participantes das negociações consideram sua ida para o ministério praticamente certa. Ela faria parte de uma compensação pela aprovação da PEC, além de refletir a boa relação do deputado baiano com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
As articulações não foram finalizadas porque dirigentes da União Brasil não decidiram se vão entrar de cabeça na gestão de Lula. Ainda que parlamentares tenham interesse na ocupação de ministérios, outros deputados e senadores têm diferenças com o governo eleito.
No encontro, Lula também sinalizou que os senadores do partido poderiam ocupar um ministério.
De acordo com integrantes da legenda, Alcolumbre apontou a preferência pelo Ministério das Cidades, mas a pasta já foi oferecida ao MDB —que deve escolher um nome avalizado por sua bancada de deputados. Uma possibilidade que ganhou força é a indicação de Jader Barbalho Filho, presidente do partido no Pará.
Lula teria sugerido a Alcolumbre, então, os ministérios da Previdência, das Comunicações ou do Turismo. O senador amapaense não demonstrou interesse por nenhuma das três pastas, segundo relatos.
O presidente eleito abriu as negociações diretamente com parlamentares da União Brasil, deixando em segundo plano a interlocução com dirigentes da legenda. O partido é presidido pelo deputado Luciano Bivar (PE) e tem como secretário-geral o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (BA).
Integrantes da legenda avaliam que esse caminho pode dificultar uma adesão em bloco da União Brasil ao governo Lula. O partido, formado pela fusão do PSL com o DEM, tem parlamentares que preferem manter distância dos petistas e teriam dificuldades em votar a favor das pautas de interesse do novo presidente.
Bruno Boghossian/Folhapress